segunda-feira, 9 de julho de 2018

SEMANA DA MULHER NEGRA 25/07


ANTONIETA DE BARROS

Antonieta de Barros nasceu em Florianópolis, Santa Catarina, em 11 de julho de 1901. De família muito pobre, ainda criança ficou órfã de pai, sendo criada pela mãe. Ingressou com 17 anos na Escola Normal Catarinense, concluindo o curso em 1921.

Em 1922, a normalista fundou o Curso Particular Antonieta de Barros, voltado para alfabetização da população carente. O curso foi dirigido por ela até sua morte e fechado em 1964. Professora de Português e Literatura, Antonieta exerceu o magistério durante toda a sua vida, inclusive em cargos de direção. Foi professora do atual Instituto de Educação entre os anos de 1933 e 1951, assumindo sua direção de 1944 a 1951, quando se aposentou.Antonieta de Barros notabilizou-se por ter sido a primeira deputada estadual negra do país e primeira deputada mulher do estado de Santa Catarina. Eleita em 1934 pelo Partido Liberal Catarinense, foi constituinte em 1935, cabendo-lhe relatar os capítulos Educação e Cultura e Funcionalismo. Atuou na assembléia legislativa catarinense até 1937, quando teve início a ditadura do Estado Novo.

Com o fim do regime ditatorial, ela se candidatou pelo Partido Social Democrático e foi eleita novamente em 1947, desta vez como suplente. Na ocasião, continuou lutando pela valorização do magistério: exigiu concurso para o provimento dos cargos do magistério, sugeriu formas de escolhas de diretoras e defendeu a concessão de bolsas para cursos superiores a alunos carentes.

Além da militância política, Antonieta participou ativamente da vida cultural de seu estado. Fundou e dirigiu o jornal A Semana entre os anos de 1922 e 1927. Neste período, por meio de suas crônicas, ela veiculava suas idéias, principalmente aquelas ligadas às questões da educação, dos desmandos políticos, da condição feminina e do preconceito racial. Dirigiu também a revista quinzenal Vida Ilhoa, em 1930, e escreveu vários artigos para jornais locais. Com o pseudônimo de Maria da Ilha, ela escreveria o livro Farrapos de Idéias, em 1937.

Ao longo de sua vida, Antonieta atuou como professora, jornalista e escritora. Como tal, destacou-se, entre outros aspectos, pela coragem de expressar suas idéias dentro de um contexto histórico que não permitia às mulheres a livre expressão; por ter conquistado um espaço na imprensa e por meio dele opinar sobre as mais diversas questões; e principalmente por ter lutado pelos menos favorecidos, visando sempre a educação da população mais carente.

Antonieta faleceu no dia 18 de março de 1952.


AQUALTUNE 


Uma vez no Brasil, mais especificamente no Recife, foi vendida como escrava reprodutora para uma fazenda em Porto Calvo no Pernambuco, onde foi estuprada para dar origem a novos cativos de acordo com os interesses dos senhores de escravos.
No entanto, sua força se fez presente mais uma vez. Ao ouvir falar da resistência negra no Brasil, constituída em quilombos. Aqualtune não perdeu tempo e junto de outros escravos lutou pela liberdade e fugiu da fazenda em que estava aprisionada.
Mesmo no Brasil, a fama de Aqualtune entre a população negra era grande. Seu passado e sua realeza foram importantes para que em Palmares ela logo assumisse novamente uma posição de liderança. A partir das tradições de sua cultura, comandou o maior Quilombo da história brasileira.
Com o passar dos anos tornou-se mãe. Seu filho e herdeiro veio a ser conhecido como Ganga Zumba. Tempos depois tornou-se avó. E seu neto era nada mais nada menos que Zumbi do Palmares.
A data de sua morte e o fim de sua vida são incertos. Relatos apontam que aconteceu depois de anos como forte liderança da resistência negra local. Há quem diga que morreu durante uma emboscada paulista para destruir o Quilombo dos Palmares, durante um incêndio. Outras teorias afirmam que ela teria fugido e vivido seus últimos dias de vida em paz em outra comunidade.
Pouco lembrada pelos livros e pelas escolas do Brasil, Aqualtune foi uma figura importante para a resistência afro-brasileira no período colonial. Simbolizou liderança e luta diante do sistema escravocrata e fez questão de passar isso adiante, seja através de seus filhos ou de seus seguidores em Palmares.
Dia da Mulher Afro-latino americana e caribenha
No ano de 1992, na cidade de Santo Domingo, República Dominicana, instituiu-se 25 de Julho como o dia da Mulher Afro-latino americana e caribenha. A data visa dar destaque à resistência das mulheres negras em toda a América Latina e à luta contra o racismo e o machismo.
O Brasil só adotou a data no calendário oficial da nação em 2 de Junho de 2014, o que sagrou o país como o último a celebrar o dia de maneira oficial. A lei 12.987, proposta de autoria da ex-senadora Serys Slhessarenko, escolheu por homenagear o 25 de Julho com o nome da líder quilombola do Mato Grosso, e transformar a data em Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

                                                           https://youtu.be/rdlgOT48d10



THEODOSINA ROSÁRIO RIBEIRO



Theodosina Rosário Ribeiro nasceu no dia 29 de maio de 1930, na cidade de Barretos, no interior de São Paulo. Ela foi a primeira vereadora negra da Câmara Municipal de São Paulo, tendo sido eleita em 1970 e alcançando uma votação recorde no pleito.
Em 1974, Theodosina também foi eleita a primeira deputada negra da Assembléia Legislativa de São Paulo. Esta ilustre mulher estudou filosofia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de Mogi das Cruzes. Ela também se formou advogada pela FMU – Faculdades Metropolitanas Unidas.


https://youtu.be/DqNllyreabI


BENEDITA DA SILVA



A vida de Benedita da Silva é um exemplo de fé e determinação, alicerçadas pela auto-estima de quem conhece a extensão do seu próprio valor, e do valor de sua raça. Qualidade que, aliadas a uma capacidade inata de fazer política, aperfeiçoada por anos de experiência, são as grandes armas com que Benedita desenhou uma trajetória política incomum.Tinha tudo para dar errado. Quem, afinal, ousaria apostar no futuro sucesso daquela menina negra, nascida a 11 de março de 1942 na favela da Praia do Pinto no Rio de Janeiro – Brasil ?
Formou-se aos 40 anos de idade em Estudos Sociais e Serviço Social. Em 1982, tornou-se a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Câmara de Vereadores da Cidade do Rio de janeiro, e não parou por aí. Foi eleita Deputada Federal por duas vezes. Em seu primeiro mandato, durante a reforma da Constituição do Brasil, Benedita da Silva garantiu as mulheres presidiárias o direito de permanecerem com os seus filhos durante a amamentação. Como Deputada Federal foi autora de 84 projetos de leis de grande importância para a população. Sua atuação ajudou a escrever a história recente do país.
Em 1994, Benedita da Silva foi eleita com expressiva votação (2.248.861 votos) a primeira mulher negra a chegar ao Senado Federal, o mais alto escalão do Poder Legislativo brasileiro.Alguns anos mais tarde Benedita largaria o Senado para disputar o Governo do Estado do Rio de janeiro, numa aliança política inédita que reuniu todos os partidos progressistas do país.
Eleita Vice-Governadora do Estado do Rio de Janeiro desenvolveu todos os projetos sociais do governo. Em 2002, com a renúncia do então governador, Benedita da Silva assume a chefia do Executivo, tornando-se assim a primeira mulher a governar o Estado.
Em 2003, indicada pelo Presidente Luís Inácio Lula da Silva, assume a pasta do Ministério da Assistência Social, implantando políticas sociais de grande projeção. Depois em 2007 como secretária de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos no Estado do Rio de Janeiro liderou um amplo processo de Conferências ampliando a participação popular. Em 2010 foi eleita mais uma vez para Câmara federal.


JUREMA BATISTA



Destaque como mulher negra na política brasileira, Jurema da Silva Batista começou sua carreira como presidente da Associação de Moradores do Andaraí, em 1979. Formada em Português e Literatura pela Universidade Santa Úrsula, participou da criação do Partido dos Trabalhadores, no Rio de Janeiro, no início da década de 80. Em 2002, foi eleita deputada estadual e durante seu mandato na Assembléia Legislativa (Alerj), presidiu a Comissão de Combate à Discriminação de Etnia, Religião e Procedência Nacional.
Em 2005 foi uma das 1000 mulheres do mundo indicadas para ganhar o Nobel da Paz. Em 2007 foi convidada para presidir a Fundação para a Infância e Juventude (FIA) do governo do estado. Atualmente exerce o cargo de Gerente de Segurança Alimentar na Secretaria de Assistência Social, da qual é funcionária de carreira. É membro do Movimento Negro Unificado, onde exerce o cargo de coordenadora de formação política.
Entre seus projetos mais importantes estão a garantia da gratuidade do teste de DNA para famílias pobres, o projeto de lei que cria o Dia de Lembrança do Holocausto, o programa que mantém a Feira de Tradições Nordestinas em São Cristóvão e o projeto Rio Charme que permite a permanência do baile charme no Viaduto de Madureira. É autora da lei que garante 40% de negros na propaganda oficial do município, bem como, autora do Diploma Zumbi dos Palmares na Alerj e do Disque Discriminação na mesma casa de Lei.


LECI BRANDÃO


 Começou sua carreira no início da década de 1970, tornando-se a primeira mulher a participar da ala de compositores da Mangueira. Ao longo de sua carreira, Leci gravou 13 LP's, 8 CD's, 2 DVD's e 3 compactos, um total de 26 obras. Participou do Festival MPB-Shell promovido pela Rede Globo, em 1980, com a música "Essa Tal Criatura". Em 1985, gravou "Isso É Fundo de Quintal". Em 1995, foi a intérprete do samba-enredo da Acadêmicos de Santa Cruz durante o carnaval. Atuou na telenovela Xica da Silva como a líder quilombola Severina. Escrita por Walcyr Carrasco e dirigida por Walter Avancini, a telenovela foi exibida pela TV Manchete entre 1996 e 1997.
Entre 1984 e 1993, Leci foi comentarista dos desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro pela TV Globo. Após uma pausa de seis anos, voltou a comentar o Carnaval carioca de 2000 a 2001. Entre 2002 e 2010 comentou os desfiles das Escolas de Samba de São Paulo pela mesma emissora. Foi Conselheira da Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher a convite do então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, permanecendo nos Conselhos por dois mandatos (2004 a 2008). Em 2008, participou do clipe do Dia de Fazer a Diferença da Rede Record em parceria com o Instituto Ressoar. É madrinha do Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Tatuapé, bicampeã do carnaval de São Paulo, agremiação que acompanha desde 2012 quando foi tema do enredo da escola. Leci Brandão completou 40 anos de carreira artística em 2015 e lançou o novo trabalho, ‘Simples Assim – Leci Brandão’, em 2017. Atualmente, Leci Brandão se dedica à carreira musical e ao parlamento paulista.

http://deputadalecibrandao.com.br/noticias-e-novidades/item/316-medalha-theodosina-ribeiro-2018



RUTH DE SOUZA


Ruth Pinto de Souza nasceu no Rio de Janeiro em 12 de maio de 1921. Até os 9 anos de idade viveu com a família em uma fazenda em Porto do Marinho, pequena cidade do interior de Minas Gerais. Com a morte do pai, ela e a mãe voltaram a morar no Rio de Janeiro, em uma vila de lavadeiras e jardineiras, no bairro de Copacabana. Interessou-se por teatro ainda menina, quando assistiu a récitas no Theatro Municipal.
Pela Revista Rio, tomou conhecimento do grupo de atores liderados por Abdias do Nascimento, o Teatro Experimental do Negro. Uniu-se ao grupo e fez história em sua estreia como primeira atriz negra a representar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em O imperador Jones, de Eugene O’Neill, em 8 de maio de 1945. Sua postura como atriz ajudou a abrir caminho para o artista negro no Brasil.
A atriz também foi uma das pioneiras da TV brasileira. Participou de programas de variedades e musicais no início das transmissões da Tupi, até adaptar para a televisão, com Haroldo Costa, a peça O Filho Pródigo, que havia encenado no Teatro Experimental do Negro. Em 1969 integrou o elenco da TV Globo onde se tornou a primeira negra a protagonizar uma novela: A Cabana do Pai Tomás.




CONCEIÇÃO EVARISTO



 Conceição Evaristo nasceu em 29 de dezembro de 1946 numa favela da zona sul de Belo Horizonte, Minas Gerais. Filha de uma lavadeira que, assim como Carolina Maria de Jesus, matinha um diário onde anotava as dificuldades de um cotidiano sofrido, Conceição cresceu rodeada por palavras. Teve que conciliar os estudos com o trabalho como empregada doméstica, até concluir o curso Normal, em 1971, já aos 25 anos.
Uma das principais expoentes da literatura Brasileira e Afro-brasileira atualmente, Conceição Evaristo tornou-se também uma escritora negra de projeção internacional, com livros traduzidos em outros idiomas.
A poeta traz em sua literatura profundas reflexões acerca das questões de raça e de gênero, com o objetivo claro de revelar a desigualdade velada em nossa sociedade, de recuperar uma memória sofrida da população afro-brasileira em toda sua riqueza e sua potencialidade de ação. É Uma mulher que tem cuidado de abrir espaços para outras mulheres negras se apresentarem no mundo da literatura.


MARIA FILIPA


A “Heroína Negra da Independência”, é assim que Maria Felipa de Oliveira é conhecida pela população da Ilha de Itaparica, mas quem é essa figura sobre a qual pouco ou quase nada se conhecia?
Sua história ficou preservada na memória da população insular. Segundo os relatos, Maria Felipa viveu na Ponta das Baleias, no Convento, casarão que tinha esse nome “porque abrigava [...] os que só tinham de seu o sol e a lua [1]. É descrita como uma negra alta e forte, que vestia saias rodadas, bata, torso e chinelas.
Liderando um grupo de mulheres e homens de diferentes classes e etnias, fortificou as praias com a construção de trincheiras, organizou o envio de mantimentos para o Recôncavo e as chamadas “vedetas” que eram vigias nas praias, feitas dia e noite, a fim de prevenir o desembarque de tropas inimigas além de participar ativamente de vários conflitos.
Citada claramente por alguns autores como Xavier Marques no romance histórico O Sargento Pedro e pelo historiador Ubaldo Osório em A Ilha de Itaparica. A história de Maria Felipa pode bem ter sido inspiração para a Maria da Fé de Viva o Povo Brasileiro, obra de João Ubaldo Ribeiro.Durante as batalhas, seu grupo ajudou a incendiar inúmeras embarcações: a Canhoneira Dez de Fevereiro, em 1º de outubro de 1822, na praia de Manguinhos; a Barca Constituição, em 12 de outubro de 1822, na Praia do Convento; em 7 de janeiro de 1823, liderou aproximadamente 40 mulheres na defesa das praias de Itaparica. Armadas com peixeiras e galhos de cansanção surravam os portugueses para depois atear fogo aos barcos usando tochas feitas de palha de coco e chumbo.
Diferente das outras heroínas do panteão do 2 de Julho, Maria Felipa transgrediu os padrões impostos pela sociedade por ser mulher e liderar um grupo armado e, sendo negra e pobre, reivindicar direitos mesmo após o fim da guerra.
Na primeira cerimônia de hasteamento da bandeira nacional, após a derrota definitiva dos portugueses, na Fortaleza de São Lourenço em Ponta das Baleias, Felipa e seu grupo do qual são conhecidas Joana Soaleira, Brígida do Vale e Marcolina, invadem a Armação de Pesca de Araújo Mendes, português abastado, e surram o vigia Guimarães das Uvas, evidenciando que as lutas da população itaparicana não haviam terminado. Esse evento demonstra também a hostilidade que havia entre a população brasileira, principalmente negra e mulata e os lusitanos que resultavam em conflitos denominados mata-marotos.


MARIA JÚLIA DA CONCEIÇÃO NAZARÉ


Escolástica Maria da Conceição Nazaré foi o nome de batismo de Mãe Meninha do Gantois. Neta de escravos, ela nasceu em 10 de fevereiro de 1894, na cidade de Salvador. O Terreiro do Gantois foi fundado por sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré, em 1849. O popular nome do terreiro veio do francês (belga?) que era proprietário do terreno onde o templo foi construído.
Mãe Menininha foi iniciada nos rituais pela tia Pulquéria, sua antecessora. Quando assumiu a liderança do terreiro, escolhida pelos orixás, ainda não tinha 30 anos completos e, inicialmente, sua juventude não foi bem vista pelos adeptos mais antigos. Porém, com sua doçura, carisma e diplomacia, Mãe Menininha mudou esta situação. Nos mais de 60 anos em que liderou o Terreiro do Gantois, como relações públicas de sua religião, sempre se mostrou disponível para explicar o candomblé a quem se interessasse. Além disso, sempre teve um ótimo relacionamento com governantes, artistas e intelectuais e também conquistou o respeito de líderes de outros terreiros e até de sacerdotes católicos.
Como ialorixá, ela enfrentou o preconceito que a sociedade tinha em relação aos adeptos do candomblé. Não havia liberdade de culto e os terreiros eram freqüentemente invadidos pela polícia, sofrendo muitas perseguições e violência. Na década de 30, a Lei de Jogos e Costumes era mais tolerante ao candomblé, mas ainda assim as festas só podiam ser realizadas em determinados horários e mediante autorização por escrito. A situação só mudaria em 1976, quando o então governador da Bahia, Roberto Santos, sancionou um decreto liberando as casas de candomblé da obtenção de licença e do pagamento de taxas à delegacia de Jogos e Costumes.
Mãe Menininha do Gantois foi a ialorixá mais famosa do país. Sob seu comando, o Terreiro do Gantois logo se tornou um dos mais procurados e respeitados da Bahia. Para muitos pesquisadores, a popularidade e o reconhecimento que Mãe Menininha alcançou foram de fundamental importância para aumentar a aceitação do candomblé na sociedade.Casou-se com o advogado Álvaro McDowell de Oliveira, descendente de ingleses, e com ele teve duas filhas, Carmem e Cleusa, que a sucedeu no terreiro.
Mãe Menininha recebeu muitos títulos, homenagens e medalhas. Uma das que mais gostava era a dos Filhos de Gandhy, que a nomearam madrinha do afoxé. Em 1972, Dorival Caymmi compôs a famosa música Oração a Mãe Menininha, que trazia os versos: “A beleza do mundo, hein? Tá no Gantois./ E a mão da doçura, hein? Tá no Gantois./ O consolo da gente, ai. Tá no Gantois…/ Ai, minha mãe. Minha Mãe Menininha”.
Além dele, Jorge Amado, Antônio Carlos Magalhães, Vinícius de Moraes, Maria Bethânia e Caetano Veloso eram algumas das inúmeras personalidades que se aconselhavam com Mãe Menininha. Em 1994, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos lançou um selo comemorativo para marcar o centenário de seu nascimento.
Mãe Menininha morreu em 13 de agosto de 1986, aos 92 anos, na cidade de Salvador.


LUIZA MAHIN


Nascida em Costa Mina, na África, no início do século XIX, Luísa Mahin foi trazida para o Brasil como escrava. Pertencente à tribo Mahi, da nação africana Nagô, Luísa esteve envolvida na articulação de todas as revoltas e levantes de escravos que sacudiram a então Província da Bahia nas primeiras décadas do século XIX.
Quituteira de profissão, de seu tabuleiro eram distribuídas as mensagens em árabe, através dos meninos que pretensamente com ela adquiriam quitutes. Desse modo, esteve envolvida na Revolta dos Malês (1835) e na Sabinada (1837-1838). Caso o levante dos malês tivesse sido vitorioso, Luísa teria sido reconhecida como Rainha da Bahia.
Como negra africana, sempre recusou o batismo e a doutrina cristã, e um de seus filhos naturais, Luís Gama (1830-1882), tornou-se poeta e um dos maiores abolicionista do Brasil. Descoberta, Luísa foi perseguida, até fugir para o Rio de Janeiro, onde foi encontrada, detida e, possivelmente, deportada para Angola, Não existe, entretanto, nenhum documento que comprove essa informação.



LÉLIA GONZALEZ



Lélia Gonzalez nasceu em 1º de fevereiro de 1935, em Minas Gerais, filha do negro ferroviário Accacio Serafim d’ Almeida e de Orcinda Serafim d’ Almeida Lélia de Almeida González. Era a penúltima de 18 irmãos. Com a mãe indígena, que era doméstica, recebeu as primeiras lições de independência. Mudou-se com a família em 1942 para o Rio de Janeiro, acompanhando o irmão Jaime, jogador de futebol do Flamengo. No Rio de Janeiro, cidade que amava, seu primeiro emprego foi de babá .Não raro se identificava como carioca, foi torcedora incondicional do Flamengo.
Graduou-se em história e filosofia, exercendo a função de professora da rede pública. Posteriormente, concluiu o mestrado em comunicação social. Doutorou-se em antropologia política /social, em São Paulo (SP), e dedicou-se às pesquisas sobre a temática de gênero e etnia. Professora universitária, lecionava Cultura Brasileira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC – Rio). Seu último cargo na instituição foi de chefa do departamento de Sociologia e Política.
Viúva de Luiz Carlos González, enfrentou o preconceito por parte da família branca do marido.
Através do candomblé, da psicanálise e da cultura afro-brasileira assumiu sua condição de mulher e negra.
Lélia se destacou pela importante participação que teve no Movimento Negro Unificado (MNU), do qual foi uma das fundadoras .Em 07 de julho de 1978 em ato público oficializou a entidade em nível nacional.
Para ela,o advento do MNU “consistiu no mais importante salto qualitativo nas lutas da comunidade brasileira na década de 70.”

DANDARA



Guerreira do período colonial do Brasil, Dandara foi esposa de Zumbi, líder daquele que foi o maior quilombo das Américas: o Quilombo dos Palmares. Com ele, Dandara teve três filhos: Motumbo, Harmódio e Aristogíton. Valente, ela foi uma das lideranças femininas negras que lutou contra o sistema escravocrata do século XVII e auxiliou Zumbi quanto às estratégias e planos de ataque e defesa da quilombo.
Não há registros do local onde nasceu, tampouco da sua ascendência africana. Relatos e lendas levam a crer que nasceu no Brasil e se estabeleceu no Quilombo dos Palmares enquanto criança. Ela foi uma das provas reais de que a mulher não é um sexo frágil. Além dos serviços domésticos, plantava, trabalhava na produção da farinha de mandioca, caçava e lutava capoeira, além de empunhar armas e liderar as falanges femininas do exército negro palmarino.
Sempre perseguindo o ideal de liberdade, Dandara não tinha limites quando o que estava em jogo era a segurança do quilombo e a eliminação do inimigo. Ela defendia que a paz em troca de terras no Vale do Cacau, que era a proposta do governo português, seria um passo para a destruição da República de Palmares e a volta à escravidão. Suicidou-se depois de presa, em seis de fevereiro de 1694, para não voltar na condição de escravizada.

CAROLINA MARIA DE JESUS


Carolina Maria de Jesus (1914-1977) foi um a escritora brasileira, considerada uma das primeiras e mais destacadas escritoras negras do País. Autora do livro autobiográfico “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”.
Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento, no interior de Minas Gerais, no dia 14 de março de 1914. Neta de escravos e filha de uma lavadeira analfabeta cresceu em uma família com mais sete irmãos. Recebeu o incentivo e a ajuda de Maria Leite Monteiro de Barros – uma das freguesas de sua mãe, para frequentar a escola. Com sete anos, ingressou no colégio Alan Kardec, onde cursou a primeira e a segunda série do ensino fundamental. Apesar de pouco tempo na escola, Carolina logo desenvolveu o gosto pela leitura e escrita.
Em 1924, em busca de oportunidades, sua família muda-se para Lageado, onde trabalham como lavradores, em uma fazenda. Em 1927 retornaram para Sacramento. Em 1930 vão morar em Franca, São Paulo, onde Carolina trabalha como lavradora e em seguida como empregada doméstica. Com 23 anos, perde sua mãe e vai para a capital onde emprega-se como faxineira na Santa casa de Franca e em seguida como empregada doméstica.
Morando em uma favela, durante a noite trabalha como catadora de papel. Lê tudo que recolhe e guarda as revistas que encontra.  Estava sempre escrevendo o seu dia a dia. Em 1941, sonhando em ser escritora, vai até a redação do jornal Folha da Manhã com um poema que escreveu em louvor a Getúlio Vargas. No dia 24 de fevereiro, seu poema e sua foto são publicados no jornal. Continuou levando regularmente seus poemas para a redação do jornal. Foi apelidada de “A Poetisa Negra” e cada vez mais admirada pelos leitores.
Em 1948 muda-se para a favela do Canindé. Nos anos seguintes, Carolina foi mãe de três filhos, todos de relacionamentos diferentes. Em 1958, o repórter do jornal Folha da Noite, Audálio Dantas, foi designado para fazer uma reportagem sobre a favela do Canindé e por acaso, uma das casas visitadas foi a de Carolina Maria de Jesus, que lhe mostrou seu diário, surpreendendo o repórter que ficou maravilhado com a sua história.
No dia 19 de maio de 1958, Audálio publicou parte do texto, que recebeu vários elogios. Em 1959, a revista O Cruzeiro também publica alguns trechos do diário. Mas foi em 1960 que foi finalmente publicado o livro autobiográfico “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, em edição de Audálio Dantas. Com tiragem de dez mil exemplares, só a noite de autógrafos foram vendidos 600 livros.
Com o sucesso das vendas, Carolina deixa a favela e pouco depois compra uma casa no Alto de Santana. Recebe homenagem da Academia Paulista de Letras e da Academia de Letras da Faculdade de Direito de São Paulo. Em 1961 viaja para a Argentina onde é agraciada com a “Orden Caballero Del Tornillo”. Nos anos seguintes publica: “Casa de Alvenaria: Diário de uma Ex-favelada” (1961), “Pedaços da Fome” (1963) e “Provérbios” (1965).
Apesar de ter um livro transformado em Best-seller, Carolina não se beneficiou com o sucesso e não demorou muito para ela voltar à sua condição de catadora de papel. Em 1969 mudou-se com os filhos para um sítio no bairro de Parelheiros, em São Paulo, época em que é praticamente esquecida pelo mercado editorial.
Carolina Maria de Jesus faleceu em São Paulo, no dia 13 de fevereiro de 1977


TEREZA DE BENGUELA


A história não sabe se Tereza de Benguela nasceu no continente Africano ou no Brasil, muito menos a data em que ela veio ao mundo. O que se tem conhecimento é que Tereza viveu durante o século XVIII no Vale do Guaporé, no Mato Grosso, e foi a maior liderança do Quilombo do Quariterê, hoje município de Vila Bela da Santíssima Trindade, há 548 km da capital do estado, Cuiabá.
Tereza coordenou o maior quilombo do Mato Grosso, que resistiu às ações de bandeirantes de 1730 a 1795, quando o espaço foi atacado e destruído, a mando da capitania regional. As decisões tinham a participação do seu companheiro, José Piolho, assassinado por soldados do Estado.
O quilombo, território de difícil acesso, foi o ambiente perfeito para Tereza coordenar um forte aparato de defesa e articular um parlamento para decidir em grupo as ações da comunidade, que vivia do cultivo de algodão, milho, feijão, mandioca, banana, e da venda dos excedentes produzidos.
“Governava esse quilombo a modo de parlamento, tendo para o conselho uma casa destinada, para a qual, em dias assinalados de todas as semanas, entravam os deputados, sendo o de maior autoridade, tido por conselheiro, José Piolho (…). Isso faziam, tanto que eram chamados pela rainha, que era a que presidia e que naquele negral Senado se assentava, e se executavam à risca, sem apelação nem agravo” (Anal de Vila Bela do ano de 1770).
O Quilombo do Quariterê abrigava mais de 100 pessoas, com destacada presença de negros e indígenas. Todos conviviam juntos sob a coordenação da Rainha Tereza, como ficou conhecida em alguns registros históricos.
Outro ponto nebuloso de sua trajetória é a morte da líder quilombola. Uma versão diz que ela se suicidou depois de ser capturada por bandeirantes a mando da capitania do Mato Grosso, por volta de 1770, e outra afirma que Tereza foi assassinada e teve a cabeça exposta no centro do Quilombo.
O que se tem conhecimento é que alguns quilombolas conseguiram fugir depois do ataque dos bandeirantes e restituir o espaço, que foi novamente vítima de ação da capitania do Mato Grosso em 1777 e dizimado de maneira definitiva em 1795.
Mesmo sem a Rainha Tereza e o Quilombo do Quariterê, a história é muito presente no imaginário da região, onde a oralidade garante a permanência do mito de Tereza de Benguela. Entre os relatos, alguns moradores da Vila Bela da Santíssima Trindade contam que ela navegava com barcos imponentes pelos rios do pantanal.










Feminismo Negro – A partir de 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana, com a realização do 1º Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, criação da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas e a definição do 25 de julho como Dia da Mulher Afro-latino-americana e Caribenha.
A data – A Lei nº 12.987/2014, foi sancionado pela presidenta Dilma Rousseff, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi uma líder quilombola, viveu durante o século 18. Com a morte do companheiro, Tereza se tornou a rainha do quilombo, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho e a população (79 negros e 30 índios), morta ou aprisionada.
Homenageadas – Assim como Tereza, outras mulheres foram e são importantes para a nossa história. Com trabalhos impecáveis e perseverança, elas deixaram um legado, que cabe a nós reverenciarmos e visibilizarmos a emancipação das mulheres negras, como forma de homenagear; Antonieta de Barros, Aqualtune, Theodosina Rosário Ribeiro, Benedita da Silva, Jurema Batista, Leci Brandão, Ruth de Souza, Conceição Evaristo, Maria Filipa, Maria Conceição Nazaré (Mãe Menininha de Gantois), Luiza Mahin, Lélia Gonzalez, Dandara, Carolina Maria de Jesus, Elza Soares, entre tantas outras.










REFERÊNCIAS: YOUTUBE, GOOGLE...




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